Almanaque vem do árabe al-manakh, que é o "lugar em que o camelo se ajoelha". Ponto de reunião dos beduínos para conversar e trocar informações sobre o dia-a–dia.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

29º DIA - Descrença

Ando meio descrente, meio vazio de uma certa fé nos homens! Durante muito tempo acreditei que algumas coisas ainda fariam com que a gente acordasse, para então sonhar com um mundo mais justo, um país mais soberano e uma nação que fosse de fato o berço de um povo e não apenas sala de parto e caixão! Acreditei que a democracia, e o voto direto, seriam os principais educadores do povo na arte da política e da cidadania; achei realmente que mais cedo do que tarde, elegeríamos mais deputados, vereadores, governadores, prefeitos, senadores e presidentes mais comprometidos com o povo, votaríamos em projetos políticos e não apenas em nomes e compadres, coronéis e ladinos. Acreditava que o povo seria de fato representado e se faria representar, que iria gostar de política e celebrar cada eleição com gestos e ares de nobre papel, e não lamentando o domingo perdido na fila da seção. Achava realmente que nós todos brasileiros, apoiaríamos um governo de esquerda - apontando os senhores feudais, coronéis e ególatras com pose de democratas, mas asseclas de interesses pessoais, e que nunca perderam uma eleição por que sempre estiveram ao lado de golpistas, farristas e bandidos de plantão - como símbolo de vergonha, exemplo a ser esquecido, párias da nossa comunidade. Veio o projeto, não vieram os cidadãos! E permitiram que entre aqueles de boa intenção e índole se aglomerassem aqueles que nos anos em que nos (des)governaram, só tiraram o que nossas mãos ergueram para essa nação; estes que agora gritam: “corrupto!”, “ladrão!”, “bandido!”, “fajuto!”, “farsa!”, “raça!”, nos olhavam com escárnio, vendendo o que sempre foi nosso, despindo nosso povo de identidade, e fazendo-nos crer que fomos agraciados com imensas belezas e recursos naturais como na anedota, e passamos a achar naturais que milhões morram de fome e de frio, queimados vivos em ônibus e em praças, como se tivéssemos sido fadados a miséria como herança genética, e que essa não se encontrasse na mesma causa que permite que pessoas gastem o que tem com o que não precisam, nas lojas, shoppings, butiques e daslus, com a consciência absorta em cifras e etiquetas, anestesiada pelas endorfinas do prazer vazio do consumo non sense. E nas ruas ao entorno, os vizinhos de carros blindados, cercam as ruas e vias públicas tornando privado o que é meu, o que é seu; proferem seus discursos intelectualizantes numa mistura de fontes tão diversas como Havard, Paulo Coelho e revistas e jornais cotidianos, que partilham de sua mesma rebeldia ao culparem o povo por não ser capaz de escolher melhor seus representantes (mas quando o fazem tratam de descredenciá-lo por ser povo também, e manipulam as informações, e manipulam a nós todos, defendendo unicamente o establishment para preservar assim os privilégios que alcançaram). País esse que incrimina trabalhadores que desejam terra para, numa cópula simbiótica, torná-la fértil garantindo pão e vida, e absolve os oligarcas da terra vazia, que extraem dela a vida transformada em vinténs que alimentam cofres e bancos, mas que não matam a fome nem criam esperança; ao contrário nos abandonam e nos tiram a fé, nos tiram a fala, nos deixam a dor, para que mudos nossa voz não seja ouvida nunca quando nas rampas antimendigos, não pudermos dormir; quando nossa presença suja e fétida, incomodar as crianças ricas no playground da praça, e assim, ao morrermos na rua em frente a um hospital, tenhamos como epitáfio: “morreu onde sempre viveu!”.Tinha esperança de que pela educação tudo mudaria, que as escolas e universidades num esforço de alçar nosso país ao seu papel de nação, fariam de fato a revolução das letras e da leitura, e formaríamos mais que profissionais, cidadãos; que teríamos enfim uma universidade pronta para rever seus sistemas de seleção, e trariam para dentro da suas portas, todos aqueles dispostos a aprender, com sede de querer saber, e também aqueles homens e mulheres, que pela cor da pele, foram lhes negados o direito a igualdade, pois que um sistema social que segrega em favelas e guetos, cidadãos que como nós pagam também por essa nação, precisa ser combatido, afirmativamente e de forma solidária, e caberia as universidades essa bandeira erguer, e não esperar que as desigualdades sejam primeiro resolvidas, porque ficar apenas esperando, aguardando a solução definitiva não basta; nem bastará o assistencialismo das extensões-apêndices que não emancipam, mesmo quando socorrem. Mas fala mais alto o corporativismo daqueles que sabendo os direitos de todos tão pouco respeitados, brigam pela continuidade, a fim de reservá-los para os seus. E a educação fundamental, foi desconstruída por senhores e senhoras, coronéis e senhores de escravos, disfarçados sobe a sigla TFPPFLPSDBPTBPRNUDR, que sabendo a educação e seus professores os únicos opositores aos exploradores desse povo que não é nação, sabiamente os calaram, transformando esses cidadãos-que-formam-cidadãos, em seres que se amontoam na busca por complementação salarial, amargando horas a mais que o corpo agüenta, tornando-os autômatos de repetição contínua de um emaranhado de fatos, dados e explicações exigidos nos vestibulares, enquanto o conhecimento para a vida se esvazia de sentido e função. Acreditei por muito tempo que um novo recomeço estaria marcado e em andamento para formamos de fato uma nação! Hoje acredito nas minhas convicções! Não creio que serei capaz de ver minha nação, ser a nação de milhões de cidadãos e cidadãs! Não estou desistindo desse meu país, ainda acredito que ele pode ser maior que suas fronteiras e a mesquinhez de alguns de seus habitantes! Só não sei em que caminho ou estrada, encontra-se o caminho de volta ao futuro que sempre nos pertenceu, mas que nos tem sido tirado pelos representantes do nosso pior passado! Creio na esquerda, no socialismo e na esperança; nos homens e mulheres desse país.

5 comentários:

Anônimo disse...

Realmente esse país é uma M...! André na boa não vejo além do horizonte nenhuma solução. Palavras soltas

Anônimo disse...

Vou citar palavras soltas...Revolução Espanhola...todos os paises do mundo que são dignos de nota construiram sua historia em cima de muito sangue suor e lágrimas não como o Brasil que desde sua descoberta por sinal uma fraude até a independencia republica velha e o cacete são uma eterna mentira...uma mentira deslavada ...esse país já nasceu cagado...teriamos que rever nossos conceitos e se necessario derramar sangue suor e lágrimas para ressurgir dos escombros um novo país.

Anônimo disse...

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